terça-feira, 29 de novembro de 2016

Ana Cristina Cesar: poemas

Sobre a autora:

Foto -Ana Cristina Cruz Cesar
Ana Cristina Cesar, ou Ana C., como era conhecida, nasceu no Rio de Janeiro. Após 1968, passou um ano em Londres, fez algumas viagens pelos arredores e, na volta, deu aulas, traduziu, fez letras, escreveu para revistas e jornais alternativos e saiu na antologia 26 Poetas Hoje, de Heloísa Buarque. Publicou, pela Funarte, pesquisa sobre literatura e cinema, fez mestrado em comunicação, lançou seus primeiros livros em edições independentes: Cenas de Abril e Correspondência Completa. Dez anos depois voltou à Inglaterra, graduou-se em tradução literária, escreveu muitas cartas e editou Luvas de Pelica. Trabalhou em jornalismo, televisão e escreveu A Teus Pés. Suicidou-se aos 31 anos.






 Poema: O Homem Público N. 1

Tanto aprendi
bom mesmo
é dar a alma como lavada.
Não há razão
para conservar
este fiapo de noite velha.
Que significa isso?
Há uma fita
que vai sendo cortada
deixando uma sombra 
no papel.
Discursos detonam.
Não sou eu que estou ali
de roupa escura
sorrindo ou fingindo
ouvir.
No entanto
também escrevi coisas assim,
para pessoas que nem sei mais
quem são, de uma doçura
venenosa
de tão funda.



Poema: Samba-canção 

Tantos poemas que perdi.
Tantos que ouvi, de graça e
pelo telefone - taí,
eu fiz tudo pra você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista
arranhando na garganta,
malanda, vândala,
talvez maquiavélica,
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
era comércio, avara,
embora um pouco burra
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida que desconhece
o próprio cor-de-rosa, 
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho
mas tantas, tantas fiz...



Referências: 
http://zezepina.utopia.com.br/poesia/poesia16.html
https://www.skoob.com.br/autor/626-ana-cristina-cesar
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/ana_cristina_cesar.html
https://www.youtube.com/watch?v=Qqa7_7_wDe8


Por Gleyce Gabrielly Marques

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